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6 de junho de 2025
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Entre 2014 e 2024, o Sistema Único de Saúde registrou aumento de mais de 3.300% no número de jovens de 15 a 19 anos atendidos com sintomas de transtornos de ansiedade. Os números saltaram de 1.534 para 53.514 atendimentos em apenas uma década. Esses dados alarmantes revelam que a saúde mental dos estudantes brasileiros atravessa uma crise que não pode ser ignorada. O ambiente escolar, onde crianças e adolescentes passam parte significativa de seus dias, tornou-se espaço fundamental para identificar sinais de sofrimento emocional e oferecer suporte adequado.
A saúde mental representa um estado de equilíbrio que permite ao indivíduo lidar com emoções, pensamentos, comportamentos e relacionamentos de maneira saudável e produtiva. Assim como a saúde física, o bem-estar emocional é fundamental para uma vida de qualidade e para o pleno desenvolvimento acadêmico e social.
Sinais que merecem atenção
Pesquisa realizada pelo Datafolha, a pedido do Itaú Social, Fundação Lemann e BID, mostra que na visão dos pais, cerca de 34% dos estudantes estão tendo dificuldades para controlar suas emoções, 24% dos jovens se sentem sobrecarregados e 18% estão tristes ou deprimidos. Esses indicadores demonstram que o sofrimento emocional não é exceção, mas realidade compartilhada por parcela expressiva dos alunos.
Alunos com boa saúde mental conseguem integrar-se bem à comunidade escolar, aproveitam o ambiente para aprendizado e socialização, estabelecem amizades e mantêm bom relacionamento familiar. Eles também apresentam resiliência, capacidade de enfrentar adversidades, perdas e frustrações sem que isso comprometa seu desenvolvimento.
Estudantes com problemas de saúde mental podem apresentar dificuldades em lidar com emoções, pensamentos inadequados e comportamentos que resultam em isolamento ou problemas na interação social. Essas dificuldades manifestam-se de diversas formas: surtos, crises de choro, euforia excessiva, ausências frequentes e agressividade. Mudanças bruscas de comportamento, como perda súbita de interesse nas atividades escolares, queda no rendimento acadêmico ou afastamento dos colegas, funcionam como sinais de alerta que não devem ser ignorados.
Impactos no desempenho escolar
Um ambiente escolar saudável contribui para o desenvolvimento integral dos alunos, promovendo não apenas a aprendizagem acadêmica, mas também o desenvolvimento de habilidades sociais e emocionais. Estudantes emocionalmente equilibrados mostram-se mais propensos a engajar-se nas aulas, aprender de forma eficaz e estabelecer relacionamentos saudáveis com colegas e professores.
Pesquisa do Instituto Ayrton Senna sobre competências socioemocionais revelou que estudantes com visões mais otimistas sobre si e sobre os outros, envolvimento ativo com suas atividades e mais recursos para regulação de sentimentos de ansiedade e estresse, apresentavam melhores percepções de saúde mental. Isso demonstra conexão direta entre bem-estar emocional e qualidade de vida.
A ausência de suporte adequado pode levar a problemas emocionais como ansiedade, depressão, estresse e baixa autoestima, que afetam negativamente o desempenho escolar. Estudos mostram que a saúde mental é uma das maiores dificuldades enfrentadas pelas redes de ensino, especialmente nos últimos anos do ensino fundamental.
Estratégias escolares efetivas
Educadores do Colégio Anglo Itapetininga, em Itapetininga, destacam que “criar espaços de diálogo onde os alunos se sintam seguros para expressar suas preocupações é o primeiro passo para promover saúde mental no ambiente escolar”.
Estudo do Instituto Península divulgado em 2022 mostrou que dos cerca de mil docentes ouvidos, 43% afirmaram atuar em escolas que estão realizando rodas de conversa, 37% mencionaram espaços de escuta individual, 36% reportaram apoio psicológico e 30% indicaram estar criando redes de suporte multidisciplinares. Essas iniciativas demonstram que as instituições de ensino estão buscando caminhos para lidar com questões que afetam o clima escolar.
As escolas desempenham papel fundamental na promoção da saúde mental. Programas de prevenção e intervenções em sala de aula podem ajudar a identificar e tratar problemas emocionais antes que se tornem mais graves. Orientadoras educacionais podem auxiliar os estudantes através de aconselhamento individual ou em grupo, trabalhando em colaboração com professores e administradores para criar políticas que promovam ambiente seguro e inclusivo.
Manter a confidencialidade dos alunos durante os atendimentos garante espaço seguro para que possam expressar suas preocupações e emoções sem receio de julgamento ou exposição. Essa confiança constitui base essencial para que os estudantes busquem ajuda quando necessário.
O papel dos professores
Os professores estão na linha de frente quando se trata de identificar e abordar problemas de saúde mental entre os alunos. A observação constante permite aos docentes detectar mudanças de comportamento que possam indicar problemas emocionais. Estratégias como escuta ativa, criação de ambiente acolhedor e encaminhamento para apoio especializado são fundamentais.
A preparação dos professores para lidar com questões de saúde mental é essencial. Programas de formação e capacitação podem equipá-los com as ferramentas necessárias para identificar sinais de problemas emocionais e intervir de maneira eficaz.
Trabalhar em estreita colaboração com os pais ou responsáveis também é importante para garantir que os alunos recebam o apoio necessário fora da escola. A articulação entre família e instituição de ensino fortalece a rede de proteção ao estudante.
A parceria com as famílias
O papel da família no suporte à saúde mental dos filhos é insubstituível. É no ambiente familiar que muitas questões emocionais se originam ou se agravam, e a forma como pais e responsáveis lidam com os desafios emocionais das crianças influencia diretamente seu desenvolvimento.
Famílias que acolhem as preocupações dos filhos, mantêm diálogo aberto sobre sentimentos, buscam ajuda profissional quando necessário e trabalham em parceria com a escola contribuem significativamente para o bem-estar emocional dos estudantes. A falta de envolvimento familiar e o estigma em torno das questões de saúde mental agravam ainda mais a situação, tornando-se obstáculo significativo.
É importante que os pais estejam atentos a mudanças no comportamento dos filhos, como alterações no padrão de sono, perda de apetite, isolamento, irritabilidade excessiva ou queixas físicas recorrentes sem causa aparente. Esses sinais podem indicar sofrimento emocional que precisa ser abordado.
Conversar abertamente sobre emoções, validar os sentimentos dos filhos e buscar apoio profissional quando necessário são atitudes que demonstram cuidado. Desvalorizar ou minimizar o sofrimento emocional de crianças e adolescentes pode agravar os problemas e dificultar a busca por ajuda.
Políticas públicas e avanços recentes
Desde janeiro de 2024, a Lei nº 14.819/2024 instituiu a Política Nacional de Atenção Psicossocial nas Comunidades Escolares visando promover e proteger a saúde mental de alunos e profissionais. A metodologia consiste na formação de grupos com representantes da comunidade escolar, da atenção básica à saúde e de outras áreas, que elaborarão e executarão os planos de trabalho para as ações do ano letivo.
Construindo o futuro
A promoção da saúde mental nas escolas é desafio complexo, mas essencial para o desenvolvimento integral dos alunos. A colaboração entre professores, psicólogos, administradores escolares, pais e responsáveis, bem como o suporte de políticas públicas adequadas, é fundamental para criar ambiente escolar que promova o bem-estar emocional e o sucesso acadêmico dos estudantes.
Para saber mais sobre saúde mental, acesse https://www.saudementalnaescola.com/ e https://drauziovarella.uol.com.br/psiquiatria/saude-mental-nas-escolas-como-os-professores-podem-ajudar-seus-alunos
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